sábado, 25 de janeiro de 2014


MPE: Ministro é alvo de novas denúncias


(Foto: Valter Campanato/Abr)

O procurador de Justiça Nelson Medrado disse ontem, a respeito das denúncias veiculadas na última edição da revista Época, que até o momento o Ministério Público Estadual não dispõe de elementos que comprovem o envolvimento pessoal do ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, em irregularidades supostamente ocorridas em Serra Pelada. Nelson Medrado integra a equipe do MPE que investiga desvios de dinheiro que teriam sido praticados pela antiga diretoria da Cooperativa de Mineração de Garimpeiros de Serra Pelada (Coomigasp), em valores que já alcançam a cifra de R$ 54 milhões.

A reportagem publicada pela revista Época denuncia transferências milionárias feitas para contas bancárias particulares pela Colossus Mineração Ltda, empresa que se associou à Coomigasp na implantação de uma mina subterrânea para lavra mecanizada de ouro no antigo garimpo de Serra Pelada. Os beneficiários desses depósitos, segundo a revista, eram pessoas ligadas ao ministro de Minas e Energia. Entre elas a dona de casa Antônia Alves de Oliveira, residente de Imperatriz, contemplada com o montante de R$ 19,2 milhões.

Nelson Medrado e seus companheiros do MPE já haviam confirmado, em entrevistas anteriores, a descoberta de movimentações atípicas com recursos repassados pela Colossus Mineração. O dinheiro deveria ser destinado à Coomigasp e por ela utilizado em pagamentos aos garimpeiros associados, o que não aconteceu. Segundo Nelson Medrado, o Ministério Público ainda está rastreando os tortuosos caminhos percorridos pelo dinheiro.

Negociatas

Mesmo admitindo que não há até o momento nenhum fato que comprometa pessoalmente o ministro de Minas e Energia, o procurador Nelson Medrado revelou que o MPE continua recebendo novas denúncias relacionadas ao caso de Serra Pelada. Algumas delas, inclusive, partindo de lideranças de garimpeiros e até mesmo de cooperativas que funcionam paralelamente à Coomigasp, embora sem legitimidade oficialmente reconhecida.

Do dirigente de uma dessas entidades, por sinal maranhense, ele ouviu ainda ontem pesadas acusações contra a antiga diretoria da Coomigasp, presidida por Gessé Simão de Melo, apontado pela revista Época como cabo eleitoral do ministro em suas campanhas políticas no Maranhão.

O denunciante, conforme relatou Nelson Medrado, chegou a lhe dizer que todas as bandalheiras ocorridas em Serra Pelada foram arquitetadas pelo que classificou de “a República do Maranhão”, envolvendo os dirigentes da Coomigasp, todos residentes daquele Estado, mais o ministro Edison Lobão e até o senador José Sarney. O líder garimpeiro garantiu também que a Colossus teve participação ativa nas negociatas.

Resposta

Ontem, por meio de sua assessoria, a Colossus Mineração informou que todos os depósitos realizados por ela em favor da Coomigasp estão previstos no contrato de parceria e se referem a adiantamentos de prêmios e ao pagamento pela aquisição de áreas que foram incorporadas ao ativo da empresa. Sobre supostas ligações com Edison Lobão, a empresa disse que todas as reuniões realizadas no Ministério de Minas e Energia tiveram como objetivo tratar de temas relacionados ao projeto de mineração que a Colossus implanta em parceria com a Coomigasp.

Por (Diário do Pará) em 31 de outubro de 2013.

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